Bem Vindo

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

  
Relaxei meus pensamentos 
e me flagrei refletindo 
sobre qual o rosto que a desistência tem.
Quem comanda a desistência é o nosso coração. 
Existem momentos lúcidos em que vagamos 
no pensamento o desistir. 
Desistir de algo que nos desanima, 
de algo que nos perguntamos o porquê ainda estar, 
algo que se parece uma rua sem saída, 
um labirinto de ideias e ideais, uma prece sem Deus. 
Algo que nos suga e não nos devolve. 
E o pensamento pesa e pensa: é hora de desistir. 
Pois, nesse momento, quando existe sentimento, 
o coração segura a rédea e toma 
a frente dando a direção. 
Ele manda o comando lá para cima 
dominando nossa razão e diz: 
Espera, respira, segue. 
E se isso acontece, esquece. 
O coração pensa de forma lúdica 
e o pensar sente de forma líquida não se sustenta 
e transborda se a ordem é sentir demais. 
Se a ordem é sentir que se dê mais.
Pode acontecer o que for que o sentir amortece. 
Pode trovejar e estremecer tudo por dentro, 
pode desestruturar e balançar todos os 
planos concretos e sonhos certos. 
O coração segura, pois ele se intitula de vitória 
e nomeia o futuro de alegrias. 
E isso nos enche de esperança, 
nos faz sorrir que nem criança que recebe cosquinha,
nos retroalimenta de força e vontade, 
fazendo a gente acreditar com leveza e fé.
Enquanto o coração acredita, ele bate o pé. 
E não há quem o convença do contrário. 
Mas, se um dia for seu coração 
que estiver desistindo, sinto muito.
Quando o coração desiste, não há pensamento 
que o suporte, pois ele carrega a verdade 
mais sincera que habita uma alma . 
E tudo que era singelo se converte em um 
flagelo sem sentido, sem sentimento. 
Um coração que sente desistência no seu sentir 
já experimentou todos os caminhos, 
sentiu tantos gostos, dos mais doces aos mais amargos, 
reinventou os gestos, voltou na trilha, 
pegou atalho, se perdeu, pediu dica, 
voltou a mesma música e dançou diferente, 
descompassou para acertar o passo depois, 
saiu correndo de olhos vendados, 
soube o momento de parar para tomar ar. 
Mas quando desiste, é porque se rendeu 
ao cansaço puro e pleno, aquele que esvazia o 
peito de possibilidades e suspiros.
E deixa de cortesia uma dorzinha ranzinza, 
como um soco na boca do estômago.
E respirar dói. 
E nada mais inspira.
E o sonho para de respirar.
O pensar adormece num sono profundo.
( Não sei ao certo o que acontece 

depois que um coração desiste.
Ninguém nunca voltou pra me contar.)"

 Lilian Vereza

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