Que alegria este reencontro
depois de um longo luto cego.
Uma dor sem nome na alma
que se esparramava e eu não sabia de onde
vinha
e nem sabia como voltava para os tempos
em
que eu era rudimentarmente eu.
Que saudade eu estava de mim mesma.
Revivendo-me agora sorrio boba,
com as mãos sujas de terra,
com a roupa velha escolhida
pela minha necessidade de
liberdade e
movimento.
Que saudade eu estava das minhas mãos
na massa do meu próprio destino,
construindo histórias e legados,
que saudade do cabelo emaranhado,
do sentimento de segurança e importância
por ser rainha do meu umbigo
e saber comandar um mundo de sonhos,
por devagar e sempre e sorridente,
galho por galho, pedra por pedra,
saber modificar o meu entorno.
Que bonito esse reencontro que
quase sem querer propiciei a mim mesma.
Que bom me esquecer dos espelhos,
dos jogos, dos rótulos, dos medos.
Que bom chorar por não querer
parar o dia e pular da cama
com vontade de
viver.
Que bom me vincular às pessoas
pelas
vontades de alma.
Que bom não esperar mais de mim,
dos outros, por não querer ser outra.
Que beleza esses meus braços abertos
para mim mesma!
Celebrando essa redescoberta quase
impossível.
Me reencontrando na alegria
que me permiti
nos dias.
E dizendo-me:
‘bem-vinda!
Bem-vinda!
Até que enfim voltaste!’
Que saudade menina, que saudade!
Te abro as portas e janelas,
te dou o
tempo,
as tardes,
os sóis, as tempestades...
Te deixo solta no seu mundo.
Me ensina, me ensina!
Porque eu já sabia viver,
mas havia-me esquecido.
Porque eu já existia,
mas havia morrido.
Me refresque o peito, os olhos, os
ouvidos...
renasça alegremente em mim!
Me ajude a existir mesmo que eu não caiba
neste mundo, menina.
Que saudade eu estava de ser eu mesma!
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