Bem Vindo

sábado, 23 de janeiro de 2016

 
 Não sou complicada, sou cansada.
E só quem chega nesse mesmo estado,
sabe detectar de longe a diferença .
Quanto mais o tempo passa, 
mais agrava minha situação.
Se fosse em outra época,
se fosse antes de todo o sangue derramado,
eu me jogaria, sem pensar duas vezes .
Sem verificar se é seguro,
se tem alguém ou algo para me segurar.
O chão nunca me impediu de nada,
até que a vida fincou meus pés nele
e acabou com a minha brincadeira de voar,
viver nas nuvens.
Ainda tenho em mim sonhos do tamanho do mundo
e um amor maior que eu.
Não morri, só me poupo!
Porque tudo meu é grande demais
e as pessoas são tão pequenas.
Então me poupo.
De todo esse pouco que as pessoas insistem 
em me oferecer.
Antes, ah, bastava eu querer e ponto,
eu virava tudo de cabeça para baixo para 
fazer acontecer.
E acabava de estômago embrulhado e só,
porque tudo sempre teve tempo contado
e eu queria tudo sem fim.
Agora, mais do que qualquer vontade,
o outro tem que merecer.
E muito, qualquer esforço meu,
qualquer tentativa ou quase isso.
Aceitei, me conformei com o fim,
que me persegue, mas sob uma condição:
Quem determina o tempo sou eu.

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