como se fosse casa dele,
e é.
Trata-se de um cavalo preto e lustroso
que apesar de inteiramente selvagem
pois nunca morou antes em ninguém
nem jamais lhe puseram rédeas nem sela
apesar de inteiramente selvagem tem por isso
mesmo uma doçura primeira de
quem não tem medo:
come às vezes na minha mão.
Seu focinho é húmido e fresco.
Eu beijo o seu focinho.
Quando eu morrer,
o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito.
A menos que ele escolha outra casa
e que esta outra casa não tenha medo
daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave.
Aviso que ele não tem nome:
basta chamá-lo e se acerta com seu nome.
Ou não se acerta, mas,
uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai.
Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre,
ele trota sem ruídos e vai.
Aviso também que não se deve temer
o seu relinchar:
a gente se engana e pensa que é a gente mesma
que está relinchando de prazer ou de cólera,
a gente se assusta com o excesso de doçura
do que é isto pela
primeira vez.
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