Bem Vindo

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

 
Eu penso que ser sincera é uma coisa
tão natural, tão mais fácil,
que acho que todo mundo sempre
fala a verdade para mim também.
E esqueço o quanto as pessoas sentem 
prazer em complicar tudo.
É a minha mania mais perigosa de todas, confiar.
Confio mesmo,
até você me provar que não vale a pena,
não vale o risco.
Aí eu nunca mais vou ser a mesma.
Viro, na melhor das hipóteses,
sua colega bem distante e não é por mal, 
é meu reflexo .
Para completar, 
minha outra mania chata é perdoar.
Não guardo mágoa de ninguém,
não porque não quero,
só não consigo.
Juro que não quero ver a pessoa 
nem pintada de ouro,
até ela vir com o rabo entre as pernas 
e pedir desculpas,
simples assim.
E mesmo que muitas pessoas
que passaram pela minha vida tenham
traído a minha confiança,
não acho justo punir quem está chegando,
pelo crime de quem já foi .
Nessa, quase sempre quem paga a pena sou eu,
mas eu durmo bem de noite 
e é isso que importa.
Às vezes eu fico aqui querendo 
perguntar para as pessoas:
‘E aí, de tudo que você já me disse, 
o que era verdade?
Só para saber’.
Mas não ia fazer diferença,
então deixo as verdades e mentiras assim mesmo,
misturadas, eles com suas
colecções
de máscaras e eu sempre tão exposta.
Mas quer saber minha recompensa?
Quem gosta de mim, 
quem está do meu lado,
está por mim do jeito que eu sou, 
sem enganação .
Amam a mim e não uma personagem.
E, no fim das contas,
ser enganada fica muito pequeno,
porque os maiores enganados
são eles mesmos e é uma pena.
No meio de tantas máscaras,
uma hora o rosto real se perde
e tanta coisa se perde junto.
Não sei se pode-se atribuir a mim a
faixa de
ingénua nessa história toda,
como sempre é atribuído.
 Mas eu aceito e lamento.
Que percam-se.

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