pouco
me importa.
Quero
apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já
fui loura, já fui morena,
já
fui Margarida e Beatriz.
Já
fui Maria e Madalena.
Só
não pude ser como quis.
Que
mal faz, esta cor fingida
do
meu cabelo, e do meu rosto,
se
tudo é tinta: o mundo, a vida,
o
contentamento, o desgosto?
Por
fora, serei como queira
a
moda, que me vai matando.
Que
me levem pele e caveira
ao
nada, não me importa quando.
Mas
quem viu, tão dilacerados,
olhos,
braços e sonhos seu
se
morreu pelos seus pecados,
falará
com Deus.
Falará,
coberta de luzes,
do
alto penteado ao rubro artelho.
Porque
uns expiram sobre cruzes,
outros,
buscando-se no espelho.
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