Bem Vindo

segunda-feira, 3 de março de 2014

Strip-tease

 
 Chegou ao apartamento dele trajando 
apenas uma sandália de salto,
um penhoar de seda pura,
um chapéu de véu no rosto.

Entrou e parou no meio da sala
levantou o véu
mostrou o rosto sem maquiagem
e nada disse.
Ele também não.

Tirou o chapéu e sacudiu o cabelo.
“Sou assim!
Meu cabelo é cheio se embaraça no vento.
Tenho olheiras por conta da insônia
e minha boca não tem aquele brilho.”

Tirou as sandálias.
“Sou dez centímetros menor
do que você costuma ver.
E gosto de andar descalça
para sentir a maciez do tapete.”

Abriu lentamente o penhoar.
“Sou gordinha.
Tenho estria e celulite.
Tenho cicatriz de brincadeira de criança.
Meus seios estão sofrendo os efeitos da gravidade.”

Ficou ali na sala
olhando para ele
que só sorriu.

“Muito prazer, eu sou mulher!”

“Ainda bem!
Porque quero acordar
e ver os seus cabelos assim, desarrumados.
E quero saber que passamos a noite nos amando
e que suas olheiras chamam-se: prazer.
E ver que sua boca não brilha
mas seus olhos são cristais reluzentes ao sol.
Que os dez centímetros que o 
salto lhe rouba quando você os tira
não faz a menor falta diante 
do tamanho do seu coração.
E desejo que não só os seus 
pés toquem a maciez do tapete,
quero seu corpo inteiro deitado nele.
Que bom ter defeitos bobos
como pesinho a mais, celulite e estrias.
A perfeição é cansativa.
Cicatrizes temos todos,
antes no corpo que na alma.
E seus seios é só mais uma
das muitas coisas que amo em você.”

Outro silêncio.
Ela ainda nua no meio da sala.
Ele parado com um sorriso safado no canto da boca.

“O prazer é todo meu,
sou seu homem!”

Sem comentários:

Enviar um comentário