apenas uma sandália de salto,
um penhoar de seda pura,
um chapéu de véu no
rosto.
Entrou e parou no meio da
sala
levantou o véu
mostrou o rosto sem
maquiagem
e nada disse.
Ele também não.
Tirou o chapéu e sacudiu
o cabelo.
“Sou assim!
Meu cabelo é cheio se
embaraça no vento.
Tenho olheiras por conta
da insônia
e minha boca não tem
aquele brilho.”
Tirou as sandálias.
“Sou dez centímetros
menor
do que você costuma ver.
E gosto de andar descalça
para sentir a maciez do
tapete.”
Abriu lentamente o
penhoar.
“Sou gordinha.
Tenho estria e celulite.
Tenho cicatriz de
brincadeira de criança.
Meus seios estão sofrendo
os efeitos da gravidade.”
Ficou ali na sala
olhando para ele
que só sorriu.
“Muito prazer, eu sou
mulher!”
“Ainda bem!
Porque quero acordar
e ver os seus cabelos
assim, desarrumados.
E quero saber que
passamos a noite nos amando
e que suas olheiras
chamam-se: prazer.
E ver que sua boca não
brilha
mas seus olhos são
cristais reluzentes ao sol.
Que os dez centímetros
que o
salto lhe rouba quando você os tira
não faz a menor falta
diante
do tamanho do seu coração.
E desejo que não só os
seus
pés toquem a maciez do tapete,
quero seu corpo inteiro
deitado nele.
Que bom ter defeitos
bobos
como pesinho a mais,
celulite e estrias.
A perfeição é cansativa.
Cicatrizes temos todos,
antes no corpo que na
alma.
E seus seios é só mais
uma
das muitas coisas que amo
em você.”
Outro silêncio.
Ela ainda nua no meio da
sala.
Ele parado com um sorriso
safado no canto da boca.
“O prazer é todo meu,
sou seu homem!”
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