Bem Vindo

sábado, 1 de março de 2014

 
 Que o outro 
saiba quando estou com medo,
e me tome nos braços sem 
fazer perguntas demais.
Que o outro 
note quando preciso de silêncio
e não vá embora batendo a porta,
mas entenda que não o amarei 
menos porque estou quieta.
Que se estou apenas cansada
o outro não pense logo que estou nervosa,
ou doente, ou agressiva, 
nem diga que reclamo demais.
Que se estou numa fase ruim 
o outro seja meu cúmplice,
mas sem fazer alarde nem dizendo
'Olha que estou tendo muita paciência com você!'
Que se eventualmente perco a paciência,
perco a graça e perco a compostura,
o outro ainda assim me 
ache linda e me admire.
Que o outro 
não me considere sempre disponível,
sempre necessariamente compreensiva,
mas me aceite quando não 
estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que
mesmo se às vezes me esforço,
não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha,
mas apenas uma pessoa:
vulnerável e forte, incapaz e gloriosa,
assustada e audaciosa
uma mulher.

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