verdadeira demais.
Eu
sou assim mesmo,
não
dá para passar o que passei e ser normal.
Eu
não sou normal.
E
veja bem,
isso não significa que sou boa, nem melhor.
Na
verdade, sou lesada,
danificada, costurada, remendada.
É
um fato que devemos encarar.
Um
dragão cospe fogo por uma única razão:
sobrevivência.
A
gente sobrevive quando o mundo
não
é capaz de lidar com um
corte de fora a fora da tua alma.
Não
foi um corte de susto.
Foram
vários cortes, abertos e profundos.
Um
atrás do outro, sem esperar eu
lamber
as feridas e ter força para me recuperar.
Não
houve recuperação.
Houve
negação, esquecimento, fantasia,
houve
uma psicose controlada.
A
loucura me livrou da loucura.
E
não é jargão, nem frase de efeito.
É
real, portanto, não espere de mim
normalidade,
passividade, estabilidade.
Eu
serei um buraco negro às vezes.
Se
não quiser ser sugado, saia de perto.
Se
quiser me perder, me abandone.
Se
quiser me entender, sinta comigo,
entre
e feche a porta, me abrace.
E
me ame, com tudo o que tiver.
Do
mais simples carinho
ao mais complexo entendimento.
Dê.
As
pessoas que passaram
pelas piores coisas
são as mais difíceis de desmoronar e
mais
fáceis de se manterem num castelo de aço.
Elas
rezam para serem tiradas de lá,
para
que possam ser leves,
normais e humanas novamente.
Os
dragões também amam,
apesar do fogo que sai pela boca.
Apesar
de serem grandes demais,
assustadores
demais, densos demais.
Os
dragões sabem de sua miséria
e de sua força também.
Os
dragões sempre sentem, vêem,
sempre querem mais além.
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