as próprias máscaras
e tentando retirar algumas
outras são indispensáveis.
Certa vez escrevi que a cada manhã
afivelo a máscara do dia,
um rosto cómodo que me permite conviver melhor.
O perigo é que alguma vez essa máscara
se apegue de tal jeito à minha pele
que eu não a consiga mais tirar,
ou saber qual destes rostos é o meu:
o que espreita o mundo ou o
que olha para dentro e me
vai construindo enquanto pessoa?
Não falo de cretinice, hipocrisia,
mas talvez de auto preservação.
Ninguém deveria botar a cara na janela sem
consciência de que pode levar um tapa ou uma cusparada.
Nós que nos expomos escrevendo,
seja em jornais, revistas ou livros,
sabemos disso muito bem como atores e actrizes,
ou modelos, ou outros, que se tornam “celebridade”.
Mas no caso deles, os de palco ou holofote,
é um pouco diferente:
seu narciso é “para fora”.
O de quem escreve em geral
é “para dentro”:
não somos de palco, e o olhar
pessoal pode nos intimidar.
A mim me deixa um pouco fóbica,
porém em geral as pessoas
são simpáticas e afectuosas,
então devo aceitar com bom humor.
Que a vida é em parte um baile de máscaras
com as quais nos seduzimos uns aos outros,
e nos enganamos diante do espelho, é sabido.
O perigo reside na hora em
que a última das máscaras cair,
e tivermos de ver, nos grandes espelhos,
um rosto preso ao nosso corpo, mas
que parece não ter nada a ver connosco.
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