Bem Vindo

segunda-feira, 3 de março de 2014

Não me peças

Não me peças palavras, nem baladas,

Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,

Deixa cair as pálpebras pesadas,

E entre os seios me apertes sem receio.



Na tua boca sob a minha, ao meio,

Nossas línguas se busquem, desvairadas...

E que os meus flancos nus vibrem no enleio

Das tuas pernas ágeis e delgadas.



E em duas bocas uma língua..., — unidos,

Nós trocaremos beijos e gemidos,

Sentindo o nosso sangue misturar-se.



Depois... — abre os teus olhos, minha amada!

Enterra-os bem nos meus; não digas nada...

Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!



José Régio, 
in “Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa,

Eugénio de Andrade”

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