Às
vezes,
na estranha tentativa de nos
defendermos
da suposta visita da dor,
soltamos
os cães.
Apagamos
as luzes.
Fechamos
as cortinas.
Trancamos
as portas
com chaves, cadeados e medos.
Ficamos
quietinhos, poucos movimentos,
nesse
lugar escuro e pouco arejado,
para
vida não desconfiar que estamos em casa.
A
encrenca é que, ao nos protegermos
tanto
da possibilidade da dor,
acabamos
nos protegendo também
da
possibilidade de lindas alegrias.
Impossível
saber o que a vida pode
nos
trazer a qualquer instante,
não
há como adivinhar se
fugirmos do contacto com ela,
se
não abrirmos a porta.
Não
há como adivinhar e,
se é isso que nos assusta tanto,
é
isso também que nos dá esperança.
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