Bem Vindo

terça-feira, 11 de março de 2014

Às vezes

 
Às vezes, 
na estranha tentativa de nos
defendermos da suposta visita da dor,
soltamos os cães.
Apagamos as luzes.
Fechamos as cortinas.
Trancamos as portas 
com chaves, cadeados e medos.
Ficamos quietinhos, poucos movimentos,
nesse lugar escuro e pouco arejado,
para vida não desconfiar que estamos em casa.
A encrenca é que, ao nos protegermos
tanto da possibilidade da dor,
acabamos nos protegendo também
da possibilidade de lindas alegrias.
Impossível saber o que a vida pode
nos trazer a qualquer instante,
não há como adivinhar se 
fugirmos do contacto com ela,
se não abrirmos a porta.
Não há como adivinhar e, 
se é isso que nos assusta tanto,
é isso também que nos dá esperança.

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