Bem Vindo

sábado, 21 de dezembro de 2013

Cometa bobagens...

 
Não compre manual para criar os filhos,
para aprender o gozo, 
para despistar os fantasmas.
Não existe manual que ensine a cometer bobagens.
Não seja sério; 
a seriedade é duvidosa;
seja alegre; 
a alegria é interrogativa.
Quem ri não devolve o ar que respira. 
Use roupas com alguma lembrança.
Use a memória das roupas mais 
do que as próprias roupas.
Desista da agenda, dos papéis amarelos, 
de qualquer informação
que não seja um bilhete de trem.
Procure falar o que não vem à cabeça.
Cantarolar uma música ainda sem letra.
Seja imprudente porque, 
quando se anda em linha recta,
não há histórias para contar.
Chore nos filmes babacas, 
durma nos filmes sérios.
Não espere as segundas intenções 
para chegar às primeiras.
Não diga “eu sei, eu sei”, 
quando nem ouviu direito.
 Almoce sozinho para sentir saudades do
que não foi servido em sua vida.
Ligue sem motivo para o amigo, leia o
livro sem procurar coerência,
ame sem pedir contrato, 
esqueça de ser o que os outros
esperam para ser os outros em você.
Transforme o sapato em um barco,
 ponha-o na água com a sua foto dentro.
Não arrume a casa na segunda-feira.
Não sofra com o fim do domingo.
Alterne a respiração com um beijo.
Volte tarde.
Dispense o casaco para se gripar.
Solte palavrão para valorizar 
depois cada palavra de afecto. 
Cometa bobagens.
Ninguém lembra do que foi normal.

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