De repente, a gente se olha e tem a impressão
de encontrar quase outra pessoa,
uma versão nossa revista e atualizada.
Mas, no fundo, ela não é tão nova quanto aparenta.
Estava lá, em estado de latência, o tempo todo,
como a flor que já mora na semente e um dia desabrocha.
Às vezes me ocorre que viver é se despir lentamente
das peças que encobrem quem somos até
que a idéia original apareça,
uma espécie de strip-tease da alma.
Podemos levar muito tempo para começarmos a ficar
mais parecidos com nós mesmos,
mas também podemos passar uma vida inteirinha escondidos
numa montoeira de roupa que não nos pertence.
Mudar não acontece por mágica.
Ana Jácomo
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